Infelizmente tem sido divulgada uma entrevista com o
então deputado Ratinho Júnior que se manifesta sobre o casamento de pessoas
homossexuais.
Digo infelizmente porque a própria entrevista, se
fato, é contraditória e mostra uma ginástica mental para justificar o
injustificável.
Não ser homofóbico e ser homem público é uma
necessidade, não é um mérito, lamentavelmente!
Ter amigos na comunidade de transgêneros, também não é
mérito e sua mensão é fazer uma distinção entre os amigos não pertencentes ao
grupo. Eu tenho amigos e pronto, se são homossexuais ou não, isto absolutamente
não é um problema para mim, e espero que nunca o seja para eles, porque a
liberdade de pensar, de viver e de existir segundo o que acreditam é condição
inafastável do existir humano.
Quando o deputado diz que tem que respeitar a todos e
a todas as opções, é um discurso bonito, mas ele não tem, pode não respeitar, e
cabe a nós que cremos que tal respeito é o que distingue o humano do desumano,
lutar para que este respeito seja conquistado, vivido e animado de liberdade e
dignidade.
Um equívoco terrível é conceber que exista um
casamento homosexual e que o casamento é uma questão religiosa. Nem há
casamento homossexual, nem é o casamento uma questão religiosa.
O casamento é um contrato regido pelo Código Civil que
estabelece deveres e direitos na constância das relações que estabelecemos por
amor, que determinam competências para o Estado e direitos para o cidadão. Há
sim o casamento religioso, mas este, está na esfera do cidadão e da cidadã mais
privada, mais particular possível. Não há que na esfera pública discutir-se o
casamento como fato religioso porque vivemos numa República. Uma bancada
evangélica é antes de tudo a negação da democracia e da república, porque os
deputados devem representar indistintamente o povo.
Pelo texto divulgado há que lamentar que parece que
casamento heterossexual é liberdade e casamento homossexual é libertinagem, e
apenas deve ser tolerado. Discordo.
Eu quero muitas coisas para meus filhos, mas a
primeira delas é que não sejam hipócritas, que não sejam falsos moralistas, e que respeitem o outro. Quanto a ver homens se beijando ou mulheres se beijando,
isto sequer é algo proibitivo em frente a tudo que se podem ver na internet, e
eu não estarei ao lado deles para saber que viram.
Não quero que meus filhos vejam assaltos a mão armada,
famílias empobrecidas com suas coisas perdidas em enchentes, pacientes horas na
fila do SUS abandonados à própria sorte, políticos na Televisão falando
mentiras e fazendo promessas vazias. Isto eu não quero que minhas filhas vejam.
Quanto ao aborto, que não tem ligação com a discussão
do casamento como instrumento de cidadania pelos homossexuais, minha posição é
clara e definitiva, podendo ser visitada em meus blogs e em minhas entrevistas
e palestras em todo o Brasil. O aborto deve ser descriminalizado. Ponto!
Para terminar, ser a favor da escolha das pessoas, não
ser contra o desrespeito à “opção” sexual não combina com ser contra ao
casamento destas pessoas, a ser contra beijos entre pessoas do mesmo sexo, ou confundir vida pessoal com conduta e ordem
no país!
Acredito que isto tudo seja só um deslize, se não for
uma informação falsa para denegrir a imagem de um político extremamente
promissor! Mas se a entrevista for verdadeira, há que urgentemente repensar o
que Ratinho Júnior acredita, fazer um mea
culpa, e passar a agir com coerência, maturidade e seriedade.
Segue o texto atribuido ao candidato a prefeito:
"Não sou homofóbico. Eu tenho amigos entre os GLTs.
Tenho princípios cristãos. Não podemos segregar ninguém. Temos de respeitar a
todos, a todas as opções. Mas não sou a favor do casamento homossexual.
Casamento é uma questão religiosa. A discriminação deve ser banida. Mas não
podemos confundir liberdade com libertinagem. Eu tenho filhas. Eu não quero que
a minha filha de sete anos veja dois homens se beijando em praça pública. Isto
eu não quero para a minha filha. Eu fiquei fascinado com a questão do aborto
sendo discutida pelos políticos. Tenho posição a favor do ser humano e as
pessoas devem entender que os políticos têm posições, sim. Devem deixar bem
claro os seus posicionamentos para que a população os conheça bem. O Projeto de
Lei 122 torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de
gênero. Eu sou a favor disto, mas há muitas outras coisas a serem discutidas,
porque o projeto também fala sobre casamento gay e eu sou contrário a isto.
Acho que pode haver uma união civil. Isto sim. Eu sou a favor de jamais
desrespeitar a opção sexual de qualquer pessoa. Mas reforço as leis e a família
como pontos fundamentais para se manter uma linha de conduta, de ordem no país”.
Vamos deixar claro, casamento “gay” não existe, o que
existe é casamento, e eu defendo e sempre defendi, que o casamento é a união
entre dois seres humanos, por amor, para reunir o que têm de melhor e o que têm
de pior, buscando apenas e tão somente a Felicidade!
É isso!
Por uma cidade sem preconceitos!
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