quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Por que Dr.Laércio?






Muitas vezes eu mesmo me questiono por que escolhi o nome Dr. Laércio para a candidatura a vereador para a Câmara Municipal de Curitiba?
O nome que escolhemos para um momento politico não pode, por óbvio, estar desvinculado de nossa atuação, e de nossa história e de nossa identidade pessoal.
Como fiz medicina entre 1980 e 1985 na UFPR, tendo me formado em dezembro de 1985 e feito minha inscrição no CRM em fevereiro de 1986 e mais tarde direito de 2007 a 2011 na mesma UFPR, restou que os amigos consideraram que a alcunha Dr. Laércio fosse a que melhor exprimisse minha identidade.



Mas nem para mim isto foi sempre verdade. Quando ainda na escola primária, em sua segunda fase, nas 5a. e 6a. séries, uma de minhas grandes frustrações era não ter o nome de um personagem histórico identificável. Um nome que tivesse algo a ver comigo. Meu pai apenas me disse que eu tinha o nome em homenagem ao Goleiro Laércio José Milani, porém, como aqueles que me conhecem um pouco sabem que sou irremediável perna de pau, isto soou como uma zombaria.
Obviamente que o grande goleiro teve uma atuação histórica, na época em que brilhou Pelé no time santista. Nasceu em Indaiatuba e atuou por vários clubes do estado de São Paulo, mas  fez muito sucesso e se destacou no Santos Futebol Clube, time no qual conquistou seus principais títulos: duas Libertadores (1962 e 1963), ou seja, foi campeão da Libertadores exatamente no ano em que nasci, 1962. Meu pai com seu jeito irônico apenas dizia que eu tinha o nome do goleiro reserva do grande Gilmar, titular do Santos nos tempos áureos de Pelé. Mas não é verdade, quando do surgimento do fenômeno Edson Arantes do Nascimento, o goleiro do time de ouro do Santos era Laércio. Foi ainda vencedor com o Santos de  dois Torneios Roberto Gomes Pedorsa (1961 e 1964) e seis vezes campeão paulista de futebol (1958, 1960, 1961,1962, 1964 e 1969), inclusive no ano de meu nascimento. Faleceu em 1985 de câncer, ou seja um vitorioso.
Como muito tempo se passou até saber toda a história do nome Laércio, que é patronímico daqueles que nascem em Laércia, ilha do Mar Egeu na Grécia. Descobri ainda que havia um Laércio bastante irônico, sarcástico e divertido, planejador mirabolante, um gênio tal qual o Cérebro do desenho animado Pink e Cérebro, e que era um companheiro inseparável de uma bela e sensual maga.



Sim, a Maga Patalójika quando surgiu, tinha um companheiro inseparável o Corvo Laércio. Genial e divertido, foi o arquiteto de muito dos planos da maga para roubar a moeda número 1 do Tio Patinhas, obviamente todos infrutíferos, como não podia deixar de ser. O nome original em inglês era Poe, mas isso não faz nenhuma diferença.



Os principais personagens das histórias em quadrinho da Maga Patalójika, surgida em 1961, um ano antes de meu nascimento foram, além da própria Bruxa, Laércio, Tio Patinhas, Donald e sobrinhos, os detetives do Tio patinhas (personagens genéricos encarregados de vigiar a bruxa), irmãos Metralha e Madame Mim. Em alguns momentos existiu um Segundo corvo Perácio, bem como outras histórias com bruxos diferentes, que incluem a jovem sobrinha de Maga, a loirinha Magali, o bruxinho Peralta e a tia dele, a bruxa Vanda. Mas isso também não serviu de muito consolo.



Durante a década de 80 e 90 Agildo Barata Ribeiro um dos humoristas mais inteligentes do Brasil, criou um personagem muito interessante o erudito Dr. Laércio Falaclaro, que evoluiu posteriormente para o  personagem Professor de Mitologia. Dr. Laércio Falaclaro talvez seja o personagem que mais se identifica com a capacidade que tenho de escrever demais, e também, dizer pouco. É um personagem por quem tenho muito carinho e talvez o nome de campanha deva ser, antes de tudo uma homenagem ao Dr. Laércio Falaclaro, que pode ser visto num momento realmente paradigmatico neste video: Dr. Laércio Falaclaro.



Por fim encontrei um personagem que realmente fez sentido para mim, naqueles anos de juventude, em que se afirmar, como todos sabemos é importantíssimo, principalmente sendo "gordinho, baixinho e jogando muito mal futebol". Este foi o grande filosofo e historiador da filosofia, Diógenes Laércio que viveu de 200 a 250 de nossa era e que escreveu a importantíssima obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, hoje uma das únicas fontes disponíveis de textos fragmentários dos pré-socráticos e que é composta por dez livros, que contêm relevantes fontes de informações sobre o desenvolvimento da filosofia grega.
Muitos autores recentemente têm tentado reduzir a sua importância filosófica por acreditarem que ele não teve pensamento filosófico próprio. Acreditam tais filósofos e historiadores que seu objetivo foi realizar um trabalho de fácil compreensão e de divulgação para levar ao conhecimento do grande público as diversas escolas filosóficas gregas,  o que bem demonstra uma grandeza de espírito e mais do que isso, permitiu a preservação de muitos trechos de autores, sem o que não teríamos hoje nenhum relato destas obras. Importante visão de futuro, compreendendo a necessidade de preservar o que até alí se produzira sobre filosofia no mundo grego!
A parte mais importante de sua obra é o livro X, que é dedicado a Epicuro, o Filósofo do Jardim, que é minha paixão. Além da exposição de sua filosofia, o livro ainda apresenta três cartas deste filósofo. Devido o grau de detalhamento com que Diógenes expõe a filosofia de Epicuro, muitos acreditam que ele fosse adepto das doutrinas epicuristas. Tal fato não é reconhecido oficialmente no mundo acadêmico, uma vez que ele expressa admiração por muitos filósofos e não menciona suas preferências pessoais de maneira explícita, já que um compilador consciencioso, cuidadoso e precocupado com o legado que deixaria para as gerações futuras. Deixou-nos várias frases que remetem a uma sabedoria filosófica sem par, e que aqui, para ilustrar reproduzo apenas uma para deleite dos leitores:

"A erudição é um adorno na prosperidade e um consolo ou refúgio no infortúnio. "

Dai que temos a candidature do Dr. Laércio.
Não esqueçam em nenhuma hipótese: 70707

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