sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Primeiro Prefeito




Apesar do pelourinho ter sido levantado em Curitiba no ano de 1668, o então Capitão-Mor de Paranaguá Gabriel de Lara não constituiu, como era de sua obrigação, a Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora do Bom Jesus dos Pinhais.
A constituição da Câmara Municipal, verdadeiro momento da afirmação da autonomia da Vila que vira a se constituir na Curitiba em que vivemos hoje só se deu em 29 de março de 1693, motivo pelo qual esta é a data da comemoração do aniversário da cidade.
No entanto o primeiro prefeito de Curitiba só foi indicado após o Ato Adicional de 1834 que trouxe profundas alterações à Constituição Política do Império do Brasil.
Este primeiro prefeito, nascido em Castro foi José Borges de Macedo. Era o segundo filho do capitão Cirino Borges de Macedo da Guarda Nacional e de dona Rosa Maria e Silva. Seu nascimento se deu na cidade de Castro e foi batizado no dia 1 de setembro de 1791. Fez seus primeiros estudos na sua cidade natal e na infância viu o pai ser camarista da cidade em várias oportunidades entre os anos de 1795 e 1800. O capitão Cirino chegou a ocupar o cargo de Juiz Presidente da cidade de Castro, cargo escolhido pela Câmara Municipal e que tinha como competências o que hoje equivaleria ao cargo de prefeito por volta de 1814, ainda durante a permanência da família real portuguesa no Brasil.
Como o pai, José é eleito vereador da Câmara Municipal de Castro no ano de 1814 e pouco depois transfere residência para a cidade de Curitiba. Homem de vida agitada e intensa, José exerceu, na então pequena “Villa de Coretyba”, vários cargos públicos e paralelamente possuiu um pequeno comércio de secos e molhados no edifício localizado, na atualidade, no Largo da Ordem, centro histórico de Curitiba, e que ficou conhecido por “Casa Vermelha”.
Sua primeira atividade pública em Curitiba foi na condição de Procurador nomeado da Câmara Municipal, em 20 de março de 1819. Em 1 de setembro de 1822, pouco antes da Independência o então Procurador da Câmara casou-se com dona Maria Rosa Floriano de Lima e deste casamento nasceram-lhes nove filhos.
Teve ainda duas filhas anteriores ao casamento que foram reconhecidas e constavam do seu testamento. Sua esposa faleceu em 1844, sobrevivento o primeiro prefeito a sua esposa por 7 anos.
Em 11 de março de 1833 fez o juramento como Juiz de Paz, cargo então de fundamental importância no ordenamento institucional do Brasil Império, já que determinante para a indicação de quem seriam os eleitores e de quem poderiam ser elegíveis aos diversos cargos eletivos do período imperial.
Foi a Assembleia Provincial de São Paulo, após muitos e relevantes serviços do então Juíz de Paz, que decidiu, instituir pela Lei nº 18 de 11 de abril de 1835 o cargo de prefeito, reorganizando as administrações municipais da então Província paulista. Tal cargo se sobrepunha ao de Juiz presidente da vila, e assim conferia ao seu titular maior quantidade de poderes e status político.
Em 21 de julho de 1835 a Câmara Municipal de Curitiba oficiou o governo provincial de São Paulo que havia escolhido o juiz de paz, José Borges de Medeiros como o prefeito da Villa de Coretiba, posse que se deu em 27 de julho de 1835. O cargo foi exercido até 23 de março de 1838 quando foi suprimida a função por estranha ao ordenamento jurídico do Império, voltando apenas a existir um novo titular para a Prefeitura da cidade em 1892, já no Governo Republicano!
Foi durante todos os anos subsequentes eleito ou Juiz de Paz, ou Vereador ou Presidente da Câmara, mantendo-se como o líder político da cidade até o seu falecimento em 1851, dois anos antes de ver o seu sonho de emancipação do Paraná tornar-se realidade por ordem e graça do Imperador D. Pedro II em dezembro de 1853. Político ligado ao Partido Liberal, como era natural no Império sempre teve dificuldades quando assumia o governo provincial os Conservadores, o que motivou o intenso desejo de separação da 5ª Comarca da Província de São Paulo, que veio a se constituir no Estado do Paraná.

Nenhum comentário:

Postar um comentário