Há quatro dias há
um imenso buraco na faixa da direita da Rua Sete de Setembro com Rua Westphalen.
Além de ser uma região extremamente movimentada, no primeiro dia restou apenas
um pedaço de papelão para sinalizar aos veículos e pedestres que havia um
buraco imenso na via pública, próximo de uma Universidade e na frente de um
Posto de Gasolina, onde há imensos tanques de combustível.
No segundo dia a
SETRAN dignou-se colocar um cavalete singelo, alaranjado, que mal tapa o buraco,
com uma sacola com restos de cimento dentro para sustentá-lo, na tentativa de
evitar um provável, muito provável, acidente.
Como transito pelo
local pelo menos quatro vezes ao dia, sempre que ali passo me recordo de um poema
de Drummond, que em homenagem ao buraco da Avenida Sete de Setembro, e seu já
quase quinto dia de aniversário, reescreverei, com a devida vênia dos leitores,
e com o imenso carinho, amor e respeito que tenho pela obra do grande poeta, para
sublinhar este descaso inexplicável da administração do município.
No meio do
caminho
No meio do caminho tinha um buraco
tinha um buraco no meio do caminho
tinha um buraco
no meio do caminho tinha um buraco
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um buraco,
tinha um buraco no meio do caminho
no meio do caminho tinha um buraco.
Esqueceu apenas o
poeta, que a pedra se pode ser tirada, o caminho se construiria com a pedra, se
não é possível retirá-la, restaria como local onde repousaríamos todos os nossos desalentos.
Um buraco, serve
apenas para salientar nosso abandono, para sublinhar a ausência de alguém que
se preste a proteger-nos dos buracos, que não servem para pavimentar o caminho,
e também não nos servem de abrigo e de repouso, na medida em que, quando chove,
o buraco se torna um lago, um rio e um oceano, onde todas as nossas mágoas
escoam, para fazer do buraco que há no meio do caminho, uma denúncia surda, uma
constatação muda, do descaso e do abandono que me vejo, no espaço de um olhar!
Homenagem ao
Buraco da Sete de Setembro esquina com Dr. Westphalen.
Diga-se em homenagem à verdade que o buraco foi fechado no dia seguinte à postagem, no seu sexto dia de existência! A cicatriz no asfalto ainda pode ser vista, espero que não se abra mais!
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